Ilha Grande: A História do patrimônio mundial da Unesco

Imagem aérea da Ilha Grande

Localizada no estado do Rio de Janeiro, mais precisamente no município de Angra dos Reis, a Ilha Grande é um verdadeiro refúgio paradisíaco. Com seus impressionantes 193km², ela reina como a maior ilha do Arquipélago de Angra dos Reis, além de ostentar o título de quinta maior ilha marítima de todo o Brasil.

Esse tesouro natural encanta os visitantes com suas 113 praias, rios cristalinos, cachoeiras magníficas e uma fauna e flora exuberantes. Ao explorar suas paisagens deslumbrantes.

Eleita uma das sete maravilhas do Rio de Janeiro em 2007, a Ilha Grande encanta turistas com sua beleza natural.
Área preservada de mata atlântica e destino de milhares de visitantes anualmente.

O Passado Prisional da Ilha Grande

O Instituto Penal Cândido Mendes, conhecido como Presídio da Ilha Grande, foi um dos mais famosos presídios do Brasil.
Histórias marcantes, como a fuga de "Escadinha" em 1986, em que ele se agarrou a uma escada de helicóptero.
Presos ilustres, como o escritor Graciliano Ramos e Fernando Gabeira.
Figuras lendárias, como Madame Satã.
Desativação do presídio em 1994, hoje apenas ruínas abertas à visitação.

Ilha Grande como Destino Turístico

Polo turístico do litoral sul do Rio de Janeiro e do Brasil.
Praias bem preservadas, trilhas, passeios de barco e natureza exuberante.
Destaques: Vila do Abraão, Pico do Papagaio, praias de Lopes Mendes, Aventureiro, Lagoa Azul, Enseada do Bananal, Sitio Forte, Gipóia, Vila de Dois Rios, entre outras.

Preservação Ambiental da Ilha Grande

Área de Proteção Ambiental, com 90% de seu território ocupado pelo Parque Estadual da Ilha Grande, Parque Estadual Marinho do Aventureiro e Reserva Biológica da Praia do Sul.
Infraestrutura para Turistas

Excelente infraestrutura para receber turistas.
Opções variadas de bares, restaurantes e pousadas para todos os gostos e bolsos.

Tesouro ecológico do Rio de Janeiro

A Ilha Grande, além de sua rica história prisional, é um tesouro ecológico do Rio de Janeiro.
Com sua natureza preservada e atrativos turísticos, é um destino imperdível para os amantes da natureza e da história.

Patrimônio mundial da UNESCO

Em 2019 Ilha Grande e a vizinha Paraty foram declarados Patrimônio Mundial pela Unesco por sua cultura, fauna e flora excepcionais. O Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu, o Parque Estadual da Ilha Grande e a Reserva Biológica da Praia do Sul formam um cinturão de mata nativa de quase 150 mil hectares permeados por registros arqueológicos de diferentes idades que abraça o Centro Histórico de Paraty e o Morro da Vila Velha.

A história da Ilha Grande

A expedição de Gonçalo Coelho

Dois anos após o Descobrimento do Brasil, o navegador Gonçalo Coelho, que já havia batizado o Rio de Janeiro, descobriu a Ilha Grande em 6 de janeiro. Inicialmente, acreditava-se que a ilha era um continente e que sua parte leste era a foz de um grande rio. O nome "Ilha Grande" surgiu dos indígenas Tamoios, que a chamavam de "Ipaum Guaçu", expressão que significa "Ilha Grande".

Importância histórica e abolição da escravatura

A Ilha Grande foi um local preferido pelos navegantes portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e holandeses, e desempenhou um papel importante na história do Brasil desde o seu descobrimento. Em 1559, Don Vicente da Fonseca foi designado pelo Reino de Portugal para tomar posse e administrar a Ilha Grande. A partir do século XVI, teve início uma longa e intensa guerra de resistência à colonização europeia, conhecida como Confederação dos Tamoios (1554 a 1567). Essa luta envolveu os indígenas Tamoios, que contaram com o apoio dos franceses, e os portugueses, chamados de "peró", que foram auxiliados pelos índios Tupiniquins. A batalha ocorreu ao longo da costa brasileira, desde o Espírito Santo até São Paulo, e a região de Angra dos Reis foi um dos principais redutos de resistência indígena, o que retardou sua colonização por mais de meio século.

Em 1803, o povoado recebeu uma identidade jurídica, tornando-se a Freguesia de Santana da Ilha Grande de Fora. A Ilha Grande se tornou um famoso entreposto para o tráfico ilegal de escravos até a abolição da escravatura em 1888. Somente após a proclamação da República, em 1891, foram criados os dois primeiros distritos: Abraão e Sítio Forte, hoje conhecido como Araçatiba.

Colonização, decadência e a visita de Dom Pedro II

No período de 1725 a 1764, com o avanço da cultura da cana-de-açúcar, começou a colonização da Ilha Grande, que perdurou até a primeira metade do século XIX. O cultivo do café foi introduzido um pouco mais tarde e se estendeu de 1772 a 1890, sendo exportado para a Europa. Com o fim da escravidão na segunda metade do século XIX, a produção de café se tornou inviável e foi abandonada, levando a Ilha Grande a um período de decadência.

Nesse mesmo período, ocorreu o declínio da "Invencível Armada" Lusitana, o que resultou no aumento do contrabando de pau-brasil e outros produtos. No século XIX, D. Pedro II visitou a Ilha Grande e ficou encantado com sua beleza e tranquilidade. Ele adquiriu a Fazenda do Holandês (atual Vila do Abraão) e a Fazenda de dois rios. 

Na Fazenda do Holandês, foi construído o Lazareto, que serviu como centro de triagem e quarentena para os passageiros doentes que chegavam ao Brasil, principalmente em casos de cólera. Durante seus 28 anos de funcionamento, o Lazareto atendeu mais de quatro mil embarcações. A água para abastecer o Lazareto foi desviada do Córrego do Abraão, e uma barragem e o Aqueduto foram construídos, sendo este último um dos monumentos de maior importância histórica na Ilha Grande. Próximo à barragem, ainda é possível encontrar o "Banco de D. Pedro", uma pedra onde o Imperador costumava descansar.

A construção e a desativação do presídio 

Em 1903, a colônia correcional de dois rios foi criada na ilha. Por outro lado, o lazareto foi desativado e passou a funcionar como presídio político. Após o fim da Revolução Constitucionalista de 1932, os detentos foram transferidos para a Colônia Correcional de dois rios. Posteriormente, o Lazareto foi demolido, resultando na perda do mais importante patrimônio histórico e cultural da Ilha Grande.

Em 1940, foi construído em Dois Rios o Instituto Penal Cândido Mendes, com capacidade para mil presos de alta periculosidade. A coexistência de presos políticos do regime militar e presos comuns dentro dos muros do presídio é apontada como uma das origens do chamado "crime organizado". O presídio foi palco de fugas espetaculares, incluindo fugas de helicóptero, que receberam ampla cobertura da mídia nacional e internacional. A presença do presídio trouxe à tona aspectos opostos à beleza natural e à importância histórica da Ilha Grande.

Em 1994, o governo do estado do Rio de Janeiro, sob o governador Leonel Brizola, demoliu a maior parte das dependências do presídio. Com o declínio da agricultura, iniciou-se um processo de regeneração das áreas abandonadas, com o surgimento de vegetação nativa. Atualmente, a atividade pesqueira substituiu a agricultura decadente e teve início na década de 1930, com a salga de peixe. Na década de 1950, a pesca atingiu seu auge, com cerca de vinte fábricas de sardinha instaladas na Ilha Grande. Mais recentemente, com o declínio da atividade pesqueira, o turismo começou a se desenvolver, o que levou ao aumento da especulação imobiliária e à instalação de grandes empreendimentos turísticos e condomínios fechados para veranistas. A Ilha Grande, no entanto, continua a resistir, preservando sua beleza natural e sua significância histórica.

Revisão Histórica

Uma revisão histórica, anunciada pelo almirante Max Justo Guedes na "Conferência dos 500 anos" de Angra dos Reis, promovida pela prefeitura em 2002, trouxe à luz a oficialidade sobre o nome do verdadeiro descobridor da Ilha Grande: o navegador Gonçalo Coelho. Antes dessa revisão, o navegador André Gonçalves foi considerado por muitos anos o descobridor da Ilha Grande.

Essa revisão foi baseada na fonte "Tratado Descritivo do Brasil", de Gabriel Soares de Souza, e nas informações encontradas nos Apontamentos para a história do Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ilha Grande, de Carl Egbert Hansen Vieira de Mello.

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